Magical Girl Lyrical Nanoha StrikerS

Aviso aqui que:
• essa série é a terceira de uma longa e, digamos, rica continuidade. As resenhas anteriores estão aqui e aqui.
• todas as encarnações de Nanoha tem o mesmo roteirista: Masaki Tsuzuki, descobri estes dias ^^>' (jurava que fossem vários autores iniciantes, dadas algumas decisões wtf alternadas com twists excelentes).
• inclusive StrikerS aqui e ali faz referência a histórias que aconteceram em outras mídias, mas não reclamar disso =p
• a analise a seguir ficou confusa - contém leves spoleirs! - mas é tanta coisa anotada que se não fizesse assim, faria nunca =p


(por Masaki Tsuzuki)

No final da série anterior, Nanoha toma uma decisão (tipo assim, estou escrevendo de memória) de ir embora da Terra e formar carreira, achar um sentido pra vida, e nessa convence Fate e Hayate de irem junto. Isso com nove anos de idade e os pais deixam ela ir embora, provavelmente são da família da mãe do Ash.
Foi mais ou menos nesse ponto, na metade do último episódio de A's que a série pulou o tubarão para mim. Mas como já tinha me apegado aos personagens e tenho aquele ímpeto completista, segui em frente :P

E, ao começar StrikerS, a terceira temporada, o que temos:
• personagens dez anos mais velhas;
• em outro status quo totalmente diferente (vou falar mal disso abaixo);
• em outro mundo (também vou falar mal disso abaixo);
• com um fiapo de ligação narrativa com as encarnações anteriores do anime.
• e com foco voltado mais aos personagens novos e (tentaram) tramas políticas.
.......poxa, não era melhor criar outra série de uma vez?

Sim, já comecei a ver o anime frustrada. Mas ao menos logo apareceu uma característica familiar de Nanoha: superpopulação de personagens, aparecendo mais gente que o roteirista é capaz de lidar :P Na série original tínhamos praticamente só Nanoha, Fate, Yuuno e Arf, além de alguns secundários. Em A's ganhamos mais secundários junto de Hayate, Vita, Signum, Shamal e Zafira. Em Strikers, as três meninas (Nanoha, Fate e Hayate) estão em uma espécie de força militar (aaaaaaaaaaaaarrgh!!), então temos um monte de secundários/terciários (o povo da base onde elas estão, militares/políticos de diversos escalões, gente que pelo jeito surgiu nos mangás entre as temporadas e membros de uma igreja influente genérica genuinamente do bem), quatro novatos (Caro, Erio, Subaru e Teana), um vilão principal (e suas DOZE assistentes) e três personagens dúbios orbitando esse.

Certeza que esse estúdio é um cabide de empregos para dubladores.

Outra coisa familiar de forma errada é o novo mundo da nova série: apesar de ser outro planeta numa outra dimensão, a cidade onde as meninas vivem é praticamente idêntica à Tóquio retratada em qualquer anime. A exceção é que aqui e ali tem gente de cabelo colorido, voando e atirando raios e, ei.... é, continua idêntica à Tóquio retratada em qualquer anime.
Moda, tecnologia, cultura, tudo é bem parecido com nossa Terra (inclusive o triste hábito narrativo de todas as pessoas serem “brancas”), com um detalhe ou outro diferente. O roteiro se esforça em contextualizar as regras daquele mundo, tanto política quanto de uso da magia, praticamente um manual de RPG e também perde um tempão montando os personagens, mostrando treinamentos, flashbacks etc.... mas no fim a trama andaria do mesmo jeito sem estes gargalos narrativos.

Em relação aos personagens em si, as novatas adolescentes (Subaru e Teana) são mais desenvolvidas, simpáticas, mas são quase que indistinguíveis entre si. Já Caro e Erio, as crianças da vez, são bem sem sal. Quanto aos personagens veteranos, é esquisito ver três pessoas tão diferentes das demais (mesmo tendo de disfarçar normalidade - um clichê que curto muito, diga-se) estarem confortáveis dentro de um ambiente tão... padronizador quanto o militar.
Hayate é a que mais me grita: deixou de ser uma personagem cadeirante (excelente para a pessoa (que não existe), péssimo para a personagem), potencialmente mais poderosa que as outras duas, para praticamente ficar travada na burocracia (há Motivos na lógica do universo da história, mas a lógica do universo da história é uma opção do autor, né?) e ficar com aquele gosto de personagem com desenvolvimento desperdiçado. Nanoha e Fate também carregam seu peso burocrático, gastam um tempão sendo professoras, mas ao menos Fate mostra seu lado “materno/irmã mais velha”, dando aquele apoio aos personagens menores, que são crianças sem família - o que é algo muito legal, pensando a infância rejeitada que ela mesma teve - e [leve spoiler] Nanoha vira mãe adotiva de Vivio, uma menina que surge perto do meio da série.
E essa acaba chamando tanto Nanoha quanto Fate de “mamãe”, escancarando aquilo que está aqui e ali no enredo, mas que ninguém fala com todas as letras: as duas são um casal. Poxa, até dividem a cama (enorme, por sinal).

(Vivio se torna tão importante que praticamente muda a abertura do anime quando sua relevância cresce lá pelo final :P)

E quanto a trama, é o básico, mas que aqui demora pra engrenar: vilão quer fazer algo, mas ninguém consegue chegar nele até o fim dos episódios. Só que é um antagonista genérico e sem carisma, assim como seus aliados. Tanto que algumas assistentes quase que indistinguíveis entre si conseguem facilmente roubar dele o papel de antagonista.
Voltando, é tanta gente os dois lados e tanto subplot pra resolver que no final não acontece o grande clímax, a resolução de vários probleminhas acabam fragmentando a emoção potencial do conjunto.

# Veredicto: dava para fazer algo legal sem tantas mudanças e inserções. Nanoha StrikerS não é ruim, mas como toda a franquia, tem aquele gostinho de oportunidades perdidas a rodo. Sendo sincera, é a mais fraca das cinco temporadas que vi, só melhor que os movies 3 e 4.
# Bom: apesar dos pesares, ver as personagens evoluírem, //o que uma garota mágica faz da vida quando vira adulta//? Apesar de totalmente troncha, a tentativa de ampliação do universo das histórias é algo digno de boa nota. Inclusive, temos em StrikerS o que pode se dizer que é um "menino mágico" (Erio), com transformação e tudo, o que diria que é meio raro em animação japonesa :P Fate evoluiu de uma forma legal e Nanoha continua sendo a melhor Gundam :P As lutas, apesar de não serem o forte dessa temporada, valem cada explosão e círculo mágico invocado. E, apesar de tudo, é uma franquia com clima leve: quase que não há mortes e, quando acontecem, fazem sentido.
# Mau: militarismo, fetiche com armas e uniformes em uma série que começou como aventura escolar. Tenho certeza que toda a dinâmica do quartel e tudo o mais faz referência à alguma franquia de robô gigante :P. Inclusive, me incomodou o roteiro dar uma passada de pano para militar golpista em certo momento do enredo. Outro problema sentido foi o descarte de personagens importantes para as personagens como pessoas que estavam nas séries anteriores, em troca temos personagens novos demais, episódios demais, dava para escrever uma história melhor com menos tempo e menos plots secundários que levaram a nada. Vilão e cia também é outro calcanhar de Aquiles. Downgrade de nível de poder de personagens só para fazer a história render mais. Fan service sem sentido... (//ah, agora tudo se explicou: a série se passa 10 anos pra frente pros animadores não serem presos por pedofilia fazendo as transformações como eles sempre quiseram fazer :Þ//) Ah, e por fim, acontece uma coisa nas entrelinhas que não tem muito impacto no total, mas me deixou assim O.O com as implicações: o vilão diz que implantou cópias dele mesmo nas doze assistentes, e elas nasceriam com as memórias e personalidade dele. Depois não se falou mais nisso.... houveram doze violências e doze abortos??
26 episódios • 2006-07

Resenhas mais legais que a minha, em inglês: deus ex magical girlYuri ReviewsWikipedia

Estes dias trombei também com três videos imensos dissecando a franquia. Se está tão interessado, ligue as legendas e prepare-se para não piscar, a narração é rápida e em inglês: parte 1 (origem, Nanoha e A's), parte 2 (A's e StrikerS) e parte 3 (Vivio e mangás).

Índice de resenhas e movimentações da minha estante:

...e estou vendendo parte da minha coleção, veja a lista aqui